Em Ilhéus, meia dúzia fala e o restante obedece. Isso precisa acabar, diz Nilton

Nilton Cruz
Maurício Maron

Aos oito anos de idade, Nilton Cruz já empurrava um carrinho de pipocas pelas ruas do Malhado, em Ilhéus, e a féria do dia entregava em casa para ajudar no sustento dos pais e dos outros nove irmãos, que ajudavam, também, vendendo pão. Como prêmio ganhava moedas dos pais, o que lhe garantia o controlado lanche da escola. Além de vendedor de pipocas, Nilton vendeu roupas na zona rural de Ilhéus. Carregava a sacola dele e o da mãe dele, enquanto andava quilômetros e mais quilômetros em busca de clientes. Tem fazendas, hoje, de sua propriedade, que ele frequentava quando criança, para vender peças de vestuário. O mundo gira.

Nilton nasceu em Ilhéus. Filho de um pequeno produtor da região de Ubaitaba e de uma portuguesa que migrou para o Brasil para trabalhar na plantação de café. Desde muito cedo sabia que somente com os estudos poderia reverter a história de sacrifícios da infância. “Confesso que cheguei a ter vergonha desta fase. Vendia pipoca e meus colegas de escola viam aquilo tudo e eu sozinho”, lembra. Estudou a vida inteira em escolas públicas, chegou à extinta Fespi onde formou-se em Administração de Empresas.  Fez várias pós-graduações em Administração e Finanças e mestrado em Gestão Empresarial, pela Fundação Getúlio Vargas.

De empregado numa empresa agrícola, tornou-se sócio com apenas dois por cento das ações do mesmo grupo empresarial. Foi aos poucos aumentando a participação acionária. Os lucros de final de ano, jamais pegou em espécie. Trocava por mais cotas e crescia dentro da empresa. “Foi a virada”, reconhece.

Hoje, aos 55 anos, divorciado e pai de quatro filhos, Nilton Cruz, pode-se dizer, um vitorioso. É dono de uma importante empresa exportadora de produtos agrícolas na região. Talvez, a maior. O cargo público mais importante que ocupou foi na gestão do governador Jaques Wagner, quando dirigiu, por um bom período, a Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial da Bahia, a Sudic.

Na universidade, filiou-se ao PCdoB. Um dia, um professor lhe perguntou se ele sabia de fato o que era ser comunista. Uma pergunta até fácil para um jovem cheio de ideologia responder, não fosse no tempo obscuro da ditadura militar. Diante da resposta obtida, o professor preferiu lhe alertar quase ao pé de ouvido: “você está vendo aqueles dois ali atrás? Não são seus colegas de curso. Estão aqui todos os dias para ver quem milita na esquerda dentro da universidade”.

Do PCdoB, Nilton migrou para o PT. Nos últimos 30 anos, militou no partido como estrategista. Agora, finalmente, é apresentado pela sigla como pré-candidato a prefeito de Ilhéus. E com uma vantagem pouco vista na história do PT: sem disputa por espaço com outro companheiro de partido ou de outra tendência ideológica.

Nesta entrevista concedida ao jornalista Maurício Maron, Nilton fala de política, do futuro e, até, de assuntos polêmicos como, por exemplo, o fato de ter recebido, recentemente, como hóspede, em sua casa, o ex-deputado federal e ex-ministro José Dirceu, condenado a 23 anos e três meses de prisão por crimes e corrupção passiva, recebimento de vantagens indevidas e lavagem de dinheiro.

A entrevista está imperdível.

Leia, abaixo:

Como assim? Um empresário de esquerda, do PT, 30 anos atrás?

(risos) Eu nunca perdi a veia de esquerda na minha vida. Nunca. Naquela época hospedava em minha casa personalidades como Waldir Pires, Zezéu Ribeiro, Jaques Wagner, vários deputados estaduais e federais, intelectuais do partido. Assim foi o começo, 30 anos atrás. Era uma forma que o PT de Ilhéus tinha de mostrar visibilidade e a importância que a cidade tinha. A ideia era mostrar que tinha empresário na cidade que tinha simpatia e que compartilhava com as ideias do PT. E esse empresário era eu. Eu não propagava isso dentro da minha empresa, porque era uma empresa que trabalhava com agricultura, voltada para pessoas que tinham uma mentalidade mais fechada à minha proposta política. Não fazia propaganda, não criava polêmica mas, também, nunca neguei que era de esquerda e militava no PT.

Mário cometeu o pecado de governar com poucos. E não delegou para aqueles que tinham capacidade. Se não fosse a visão futurista do governador Rui Costa estaríamos vivendo um caos.

Como que é você chegar no terno de marca, no linho de boa qualidade, na condição de um empresário bem sucedido e dizer para as pessoas, em geral trabalhadores assalariados, que te esperam e dizer “eu sou petista, eu defendo a classe trabalhadora”?

Você sabe quais são as resistências daqui. Algumas pessoas te olham de banda e não é só por eu ser do PT. É pelo fato de ter sido pobre e essa turma mais tradicional enxerga assim, as pessoas como eu não podem ter oportunidade. Nasceu pobre, tem que ser pobre a vida toda. Funciona meio como as castas na Índia. É isso que caracteriza uma sociedade conservadora. E não só em Ilhéus. Eu nunca abaixei a cabeça. Prefiro me preparar antes, ter argumentos para usar. Nunca deixei de ter humildade. Quem me conhece, conhece a minha origem porque não escondo ela de ninguém. Isso eu tiro de letra.

Você considera Ilhéus uma cidade conservadora?

Total. Aliás, nem considero. Eu tenho certeza. Eu convivo no meio social de todos os níveis. Na realidade é assim: as gerações mais velhas, muitos já foram embora. Os filhos deles ainda não superaram a crise também. Os netos, sim, estão superando. Conviva com esta turma. É uma cabeça diferente. Um povo mais antenado, arejado. Você não vê eles falando vantagens sobre o bisavô, o avô. Nada! Zero. O que eles querem é realizar os sonhos deles, não ficam se lamentando com o que aconteceu no passado. Os mais antigos vivem no clima de lamentações. E quando você lamenta você não enxerga soluções, né? Essa parte da sociedade é, sem dúvida, conservadora e excludente.

O PT viveu um tempo de modismo. De chegar ao poder em locais poucos prováveis. Mas essa onda nunca chegou a Ilhéus. O máximo que conseguiu foi bater na trave com a professora Carmelita que em 2012 ficou em segundo lugar...

Em Ilhéus tem um grupo que exerce uma grande influência sobre a vontade das pessoas. Meia dúzia fala e o restante obedece. Veja você que nos últimos 40 anos tivemos quatro ou cinco prefeitos só. Um deles mandou por mais de 30 anos. Agora eu não vejo que nós tivemos dificuldades, não. Tanto é que ganhamos eleições para governador, senador, elegemos bem nossos deputados, para presidente... nós sempre ganhamos em Ilhéus. E por que não o poder municipal? Talvez não tenhamos preparado bem a participação diante de forças locais muito fortes. E tem uma grande falha: a esquerda sempre se dividia, se fracionava. Era a direita unida, contra a esquerda desunida. Pode estar na nossa natureza brigar até as últimas consequências, não se unir e se autoflagelar.

Gostaria também de receber o presidente Lula no ano que vem. Todo mundo tem direito a ter uma segunda chance. Tá na Bíblia.

O modelo de gestão pública praticado em Ilhéus te agrada?

Ultrapassada. Tem que mudar tudo. É preciso abrir a cidade para o mundo. Não dá para entender a realidade desta cidade que tem 84 quilômetros de praia, uma costa fantástica, rios, aeroporto, porto, acessos maravilhosos, energia de sobra, gás tubulado, universidade federal próxima, universidade estadual com quase 10 mil alunos, entregando gente capacitada todos os anos, seis ou sete faculdades privadas, cursos técnicos de excelência, distrito industrial... Afinal, o que é mais importante para a região se desenvolver? Material humano. E nós temos gente capaz, preparada, jovem, com formação. Onde está a deficiência? É que o poder público não consegue fazer o dever de casa, ora!

Cada governo pensa de um jeito...

... Mas a população tem que ser ouvida. Assim as coisas funcionam melhores. É preciso entender que o primeiro passo é construir um projeto que beneficie inicialmente a população local e para aqueles que vêm possam se beneficiar disso também. O que está faltando então? Um planejamento de governo mostrando para os empresários de fora que Ilhéus tem condições de recebê-los. Veja por exemplo o Complexo Portuário (Porto Sul). Algo em torno em 16 bilhões de reais em investimento. São 9 mil empregos diretos que vai gerar a partir do ano que vem. Você tem outras empresas que irão surgir a partir desse complexo. Você vai ter um salto monstruoso em oportunidades de emprego e renda. Mas se não tiver um planejamento urbano, nós vamos criar um grande favelão, por que vai vir muita gente de fora e precisa morar em algum lugar. E vai exigir da cidade, condições.

Quando a gente fala em economia não podemos esquecer o cacau.

Só o êxodo rural que se fala, são cerca de 150 mil trabalhadores que saíram das fazendas e deixaram a região. Nós tínhamos 650 mil hectares de cacau plantados. Hoje temos 400 mil hectares e deste número apenas 150 mil estão sendo cuidados. Temos que resgatar o campo. Isso não é imediato. É um planejamento que exige um certo tempo.

É possível devolver este homem pro campo?

Em Ilhéus, na década de 1970, você tinha 61% a população na zona urbana, quase 40% na rural. Hoje, 16% apenas estão na zona rural. A urbanização é uma tendência mundial. Mas isso acontece porque estas pessoas vivem abandonadas no campo. Já melhorou muito. O governo Lula com o Programa Luz para Todos fez avançar o setor. Mas o jovem não quer ficar no campo. Qual a perspectiva que ele terá? Ele vai ser igual ao avô dele? Ao pai dele? Infelizmente o modelo de agricultura que temos na região não é includente. Ela bota o homem para fora.

O que Wagner planejou, Rui está executando por que foi possível continuar fazendo isso. Ilhéus teve sorte, muita sorte, nos dois governos, um dando sequência ao outro.

Você falou acima de um modelo vitorioso de cidade. Bom lembrar: todo candidato a prefeito fala deste modelo. Os que se elegem não conseguem executar. Por que?

Falta planejamento. E esse planejamento só se faz com conhecimento. E esse conhecimento quem vai dar são as pessoas.  Eu, por exemplo, fiz uma reunião em Castelo Novo. Eles tinham três demandas. Na minha cabeça, pensei: eles vão querer internet, água encanada que lá não tem... e o que eles queriam era a estrada beneficiada, a condição ideal de acesso. Dois: um posto de saúde, que lá tem, mas que não funciona. E a terceira, eles queriam uma escola de qualidade para o filho deles. Veja a humildade destas pessoas: isso não deveria estar na pauta, gente! Isso deveria já estar assistido!

Que importância tem a presença administrativa do governador Rui Costa em Ilhéus?

Total. Ele faz um excepcional governo para Ilhéus. Mas é importante salientar uma coisa. Na minha empresa eu mando e faz. É sua, você contrata, demite no dia que quiser. No governo, não. Tem regras. Planejar, licitar, quem perde entra na justiça e isso pode levar muito tempo. Por isso, por uma questão de justiça é preciso lembrar que o ex-governador Jaques Wagner foi o homem que planejou os investimentos em Ilhéus. A ponte, a duplicação da rodovia Jorge Amado, o Hospital Costa do Cacau, o futuro Hospital Materno-Infantil, Saneamento Básico da zona sul, recuperação asfáltica, o Bairro Gastronômico, o Complexo Intermodal. Isso tudo com Rui Costa secretário, fazendo as reuniões, liderando o processo. O que Wagner planejou, Rui está executando por que foi possível continuar fazendo isso. Ilhéus teve sorte, muita sorte, nos dois governos, um dando sequência ao outro.

O que é mais fácil? É pedir no vizinho ou buscar solução interna?

O atual governo municipal não ficou muito dependente do governador? Você procura uma obra do governo municipal, com recursos próprios, e não encontra. Até para cuidar de estradas de terra na zona rural, precisa ir pedir ao governo do estado?

Isso é uma pena. Sem planejamento você está fadado ao fracasso. O que é mais fácil? É pedir no vizinho ou buscar solução interna? Olha, deixa eu dizer uma coisa: não se faz nada sozinho. Não adianta o cara achar que ele é o porreta e vai resolver tudo. A gente conhece um monte de gente que tem solução pra tudo, né? Na minha visão, temos que ter no quadro de secretários pessoas competentes, com perfil e currículo para executar as funções que tem no cargo dele. E o prefeito ter que dar para ele autoridade e responsabilidade para a execução da tarefa...

Falta planejamento. E esse planejamento só se faz com conhecimento. E esse conhecimento quem vai dar são as pessoas.

... mas esse é um critério técnico valorizado no discurso da campanha e esquecido após a posse, quando o critério político naturalmente ganha força?

Os políticos costumam dizer. “Vamos tirar a politicagem disso e tal”. Como assim? Você estará abrindo mão daquilo que você executa? Política é uma coisa boa desde que seja feita para o bem do próximo.

Com quem você pretende sentar para buscar musculatura no processo eleitoral?

Há uma orientação do partido para que se busque parceiros históricos. O PSB e PCdoB. Isso, no entanto, não significa que não tenham outros. O que é isso? Esses partidos se identificam mais. Mas temos pessoas do centro, como o PP, que a gente gostaria muito que estivesse dentro. Tem a Rede, o PSOL... a gente quer construir uma ampla frente de esquerda e centro. Todos têm pré-candidatos. Lá na frente a gente vê como é que fica.

Afinal, o que é mais importante para a região se desenvolver? Material humano. E nós temos gente capaz, preparada, jovem, com formação. Onde está a deficiência? É que o poder público não consegue fazer o dever de casa, ora!

Se até lá, alguém deste grupo estiver melhor que o senhor... o senhor teria capacidade de abrir mão da candidatura em nome da vitória da esquerda?

Se dissesse que não, não estaria tendo humildade. E aí não é democrático. Vamos fazer o trabalho de convencimento das pessoas, de porta em porta. E claro que lá na frente a ideia é unir forças e ganhar a eleição.

Recentemente uma foto em sua residência causou polêmica. A presença de José Dirceu, condenado a 23 anos e três meses de prisão por crimes e corrupção passiva, recebimento de vantagens indevidas e lavagem de dinheiro. Isso não causou constrangimento?

Eu já te contei minha história de vida no início desta nossa conversa. Eu me orgulho de todos os amigos que tive. Eu nunca abandono um amigo, nunca. É claro que têm algumas situações de gravidade de comportamento que você não vai defender.

A esquerda sempre se dividia, se fracionava. Era a direita unida, contra a esquerda desunida. Pode estar na nossa natureza brigar até as últimas consequências, não se unir e se autoflagelar.

Quais?

Pedofilia, assassinato, terrorismo... se defender isso você é doente da cabeça. Mas quem é aquele que não comete algum erro? Todos cometemos. Uns mais graves, outros menos.

E quem é José Dirceu para a esquerda?

Pra nós, sempre foi o pensador da esquerda brasileira. Tinham outros. Mas ele era o mais próximo ao PT. Uma pessoa que criou nosso programa de governo enquanto partido. Ele cometeu os erros dele e foi punido por isso. Então como é? A gente pega a chave da prisão e joga fora? Ele não tem o direito à recuperação? Se ele cumpre a pena dele, não tem direito de voltar ao convívio social? Estamos na Idade Média? Tranca o cara na masmorra e joga a chave fora? A gente assiste filmes de época com isso e chora hoje. E a gente faz isso hoje e acha que é bom? Não tenho problema em dizer que recebo ele de novo. DIgo mais: gostaria também de receber o presidente Lula no ano que vem. Todo mundo tem direito a ter uma segunda chance. Tá na Bíblia.

Assim foi o começo, 30 anos atrás. Era uma forma que o PT de Ilhéus tinha de mostrar visibilidade e a importância que a cidade tinha. A ideia era mostrar que tinha empresário na cidade que tinha simpatia e que compartilhava com as ideias do PT. E esse empresário era eu.

Como o senhor avalia a gestão do atual prefeito?

Tenho uma relação muito boa com a mãe dele. É da igreja do meu pai. Meu pai era pastor da Assembleia de Deus. Sempre conversei com ela. Estou falando primeiro de relações pessoais. Mário é também uma pessoa muito agradável, é um bom papo, de bem com a vida. Como gestor tem deixado a desejar. O sentimento que ele passa é de uma pessoa que não priorizou a gestão pública. Ele não ficou presente para a sociedade. A população não enxerga nele um gestor, um líder na prefeitura. Mário cometeu o pecado de governar com poucos. E não delegou para aqueles que tinham capacidade. Se não fosse a visão futurista do governador Rui Costa estaríamos vivendo um caos.

Os mais antigos vivem no clima de lamentações. E quando você lamenta você não enxerga soluções, né? Essa parte da sociedade é, sem dúvida, conservadora e excludente.

Caos?

Sim. Vou dar um exemplo. Ilhéus tem 33 mil pessoas cadastradas no Bolsa Família. Deste total, 18 mil recebem o benefício. Imagina se isso acaba. 18, quase 19 mil família sem ter de onde tirar para comer. O que é claro na gestão? Faltam planejamento e compromisso com a cidade. Ele tentou recentemente colar nas obras do governador. Mas a população não enxerga mais desse jeito. Não tem mais condição. No meu ponto de vista a população já tomou uma decisão: não quer a renovação desta gestão.

A esta altura da deflagração do processo em campanhas anteriores havia disputa acirrada internamente no PT. Me parece que desta vez você navega em um mar tranquilo, seguro.

O que aconteceu agora não é por acaso. Eu construí isso. Em outras campanhas o meu nome foi lembrado e eu recuei. À época fui convencido de que existiam outros nomes em melhores condições para o embate eleitoral. Agora voltei a dizer ao partido que não aceitava uma disputa interna mas que, se tivesse um outro nome com mais chances que eu, eu novamente retiraria meu nome e apoiaria o companheiro.

Você sabe quais são as resistências daqui. Algumas pessoas te olham de banda e não é só por eu ser do PT. É pelo fato de ter sido pobre e essa turma mais tradicional enxerga assim, as pessoas como eu não podem ter oportunidade. Nasceu pobre, tem que ser pobre a vida toda.

Sendo o senhor prefeito, teria afastado servidores com mais de 30 anos de trabalho como fez Mário Alexandre?

Eu conheço algumas pessoas atingidas. A forma como foi feita é lamentável. Bom lembrar que o patrão do servidor público é a sociedade, não é o prefeito. Imagina você trabalhar 35 anos, eu te mandar embora sem lhe pagar nenhum direito? Poderia ter dialogado e chegado a um acordo e, pelo menos, assistir a estas famílias até que saísse o veredicto final. Se estavam lá por 30 anos é por que eram necessários. Isso tem que se corrigir.

Vivemos numa cidade pobre?

Vou te apresentar alguns números e você tira a conclusão. Nosso PIB em 2018 foi de 4 bilhões 155 milhões. A renda per capita do município é de 23 mil 550 reais. Razoável. Mas estamos em décimo lugar na economia estadual. Já foi sexto e isso é uma coisa ruim. Em 2012, exportávamos 400 milhões de dólares. Caiu para 180 milhões. É a crise do cacau. Nós temos 3.300 estabelecimentos comerciais, sendo que 77% é de serviço e comércio. Dos empregos gerados na cidade, quase 60% recebe de um a dois salários mínimos. O dinheiro não gira, não roda. Dá só pra comer. Imagina se não tivesse “Minha Casa, Minha Vida” eram cinco mil moradia a menos. Imagina isso? A nossa densidade demográfica está altíssima. 90 habitantes por quilômetro quadrado, quase o dobro da média regional. Somos 13º colocado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Avalie agora.